terça-feira, 6 de novembro de 2007

Sinergias do Tempo




Agradecendo; engrandecendo

Fico a observar cada detalhe de teu rosto. E você dorme e nem sabe que estou ali, te amando. Talvez saiba, seus lábios carnudos quase sorriem, como se estivesses também sonhando na mesma intensidade que vibram minhas retinas a namorar tua luz. As montanhas por teu corpo são minha maior fonte de mistério. Curvas, retas, pêlos, cicatrizes, poros, a íntegra geologia do teu ser, essa história viva e a tua plácida respiração, como um bebê crescido, criança madura, juventude à flor da pele, no estado existencial que irradia o que há de mais vivo em ti.

Nada mais pode ser tão evidente quanto a perfeicão que crio através dos devaneios que sou capaz de viver com você. Epifanias, tão vivas quanto as dúvidas que se apagam. A vida, de repente, parece que se tornou mais transparente. As cores estão mais nítidas, sinto cada profundidade, cada curva e tom; o movimento de cada coisa que miro, e vibro, vivo, vivas todas as coisas, todas as coisas tão vivas quanto eu, que jamais se repetirão, essa genuína e eterna virgindade de todas as coisas.

O silêncio entre nossos olhos é rico e intenso, parece nele caber todo o preenchimento do meu ser. Me visto em meu próprio corpo, talvez inédito, completamente livre e feliz, nu e satisfeito. Conheço cada respiração do universo, e um chôro, quase que emergindo de solidões a muito amortecidas pela névoa de uma sinistra infância forçosamente esquecida ou reinventada, sobe pelos meus músculos, invadindo meus tecido e células e fluindo junto com o magnetismo do meu sangue por toda a homeostase de minha orgânica existência.

O suor do prazer parece levar consigo o mesmo sal das lágrimas que não ousei chorar em infância. Criança forte que aprendeu cedo a amarrar o rosto como que para se compreender, pura necessidade de encontrar a capacidade própria do auto-controle. Força, que invadindo na tentativa de segurar os tremores, os medos e as dores, me machucava ainda mais. E essa força bruta e acumulada de repente se dissolve numa nova força intensamente mais poderosa: a força do movimento, a força do agora.

O suor pinga por nossos corpos brilhantes. Sais e seres misturados, movimentos confundidos, objetivos sintônicos, felicidade intrínseca.

Sempre falei ou escrevi muito sobre o amor, mas só agora entendo o quão imaturo sou, ou talvez seja, o amor, incondicional e essencialmente habitado por mistérios grandiosos.

Nascem incontáveis seres humanos em incontáveis hospitais, casas e tribos por todo o mundo. Morrem outras tantas incontáveis pessoas, únicas por natureza. E eu morro e nasço para aprender de novo que nada sou se não o movimento que no mundo imprimo, cada movimento que o mundo me faz e eu recrio-o.

Parece imprescindível que se aprenda muitas e muitas vezes a não se saber de nada. Açudes que desaguam-se em rios velozes até o dinamismo máximo de se dissolverem em oceano, ondas, correntezas e marés, e o mundo todo em nossos lábios, o terremoto de nossas línguas, tsunamis internos, salivas que dissolvem nossos hábitos, renovam nossos hálitos nos habitando com este imenso calor e esse requinte luxuoso de uma superioridade de existência, um afago da inocência na sabedoria, unidas pela pureza translúcida da mais envolvente alegria e bondade. Sinto-me grato, infinitamente, infinita...mente, agradecido e imenso.

1 Comment:

As Portas da Percepção said...

nOOOOOOOOOOOOsa!!!!!!

Éh tãão lindO!! que não parece ser deste mundO! sentimentos em forma de palavras que nem as paredes deste globo ousam opinar de tão divinO!!!!!!

SurreaL!!!!!

amEi!!!!!